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NEGÓCIOS |
Quarta-feira, 10 de Setembro de
2003 |
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Capistrano
(no vídeo): “Quem mandou tirar a Dolly
do mercado foi o Giganti (foto abaixo) |
Mas
esse não era o único método. Em outro trecho
da fita, Capistrano diz que a estratégia também envolve
a Receita Federal e o Ministério Público. E afirma
que o dinheiro para corromper pessoas nesses órgãos
sai do caixa 2 dos franqueados da Coca-Cola. O problema, segundo
Codonho, é que os franqueados não estavam querendo
colaborar liberando o dinheiro da propina. Isso porque alguns deles
estão em pé de guerra com a multinacional. “Eles
são obrigados a praticar pequenas margens de lucro só
para enfrentar o avanço das marcas menores”, explica
o empresário. Nenhum franqueado confirma a tese. Na fita,
Capistrano detalha os seus focos de atuação e cita
o problema com os franqueados.
Capistrano – A estratégia tinha vários
pontos: era com fornecedores, com Receita Federal, com Ministério
Público. (...) A ação da Justiça é
lenta, demorada. A Coca-Cola tem inclusive muita dificuldade de
fazer os pagamentos.
Codonho – Como assim?
Capistrano – (...) A relação com os franqueados
era muito complicada. Quem você acha que tem dinheiro livre
no mercado? (...) Se você (os franqueados) está em
briga com a Coca-Cola, está tendo prejuízo todo mês
e não consegue pagar a conta dela, você ainda acha
que vai investir todo o seu caixa 2 para beneficiar a Coca-Cola?
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Briga:
Jorge Giganti nega acusações e promete processar
todos acusadores |
A
PRESSÃO NA JUSTIÇA
Codonho diz que em abril de 2002 começou a sofrer
perseguição por parte do Ministério Público
Federal de São Bernardo do Campo. “Um procurador chamado
Márcio Schusterschitz apresentou quatro ações
contra a Dolly. Numa delas, pedia o fechamento da empresa por sonegação
fiscal”, afirma o empresário, completando que as acusações
não têm fundamento e por isso denunciou Schusterschitz
à Corregedoria do Ministério Público. No dia
16 de junho, o procurador pediu afastamento do processo, alegando
“razões de foro íntimo”. “A Dolly,
em vez de apresentar defesa, partiu para o ataque contra a minha
pessoa. Para evitar que essa suspeita desviasse a discussão
eu pedi suspeição”, afirmou o procurador à
DINHEIRO. Schusterschitz, porém, admitiu “não
estar convencido” de que a Dolly sonegasse impostos. E quando
questionado pela reportagem se manteve contato com Capistrano ou
Giganti, respondeu: “Eu acho que não”. Na gravação
da conversa entre Codonho e Capistrano, há detalhes de como
funcionava o esquema de pressão no Judiciário.
Capistrano
– Não era só comprar. Contratava-se aquele
lobista, aquele outro, que são gente que tem uma missão
clara de ir lá e encher o saco todo dia. (...) A Coca-Cola
tinha advogados contratados, lobistas contratados para cuidar disso
junto ao Ministério Público.
Até
quinta-feira 4 à noite, Capistrano não havia retornado
os recados deixados por DINHEIRO em sua casa e em seu
celular. Mas em entrevista ao jornal Valor Econômico admitiu
que esteve conversando com Laerte Codonho, atraído por uma
proposta de emprego. Jorge Giganti também não quis
se pronunciar. Divulgou um comunicado no qual afirma: “Tais
acusações são (...) incompatíveis com
a minha trajetória profissional, a qual foi sempre pautada
por princípios éticos e morais”. Os responsáveis
pela Panamco, que em janeiro último foi comprada pela mexicana
Femsa por US$ 2,5 bilhões, também não quiseram
falar. E a Coca-Cola emitiu um comunicado dizendo estar examinando
“o teor das acusações para adotar as medidas
judiciais cabíveis”.
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